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5 de ago. de 2010

Programa Cinema Falado - 06/08: Pink Flamingos

Inexplicavelmente, eu nunca reservei espaço no blog para comentar sobre a minha terapia semanal. Toda sexta-feira, às 20h30, ao vivo, eu apresento o programa radiofônico Cinema Falado, ao lado dos amigos jornalistas Thiago Ramari e Marcelo Bulgarelli – que comanda o blog Bar do Bulga, leitura obrigatória a todos. O programa já tem 5 anos de existência, mas eu só integrei o trio de apresentadores em março de 2009. Desde então, foram comentados mais de 80 filmes, que são separados por séries temáticas mensais. Ou seja, toda sexta-feira o programa é direcionado a um determinado filme que faz parte de uma série específica – mas isso não impede que exploremos a fundo a pauta, adicionando informações relevantes e buscando referências em outras obras cinematográficas. Para dar uma quebra no papo de boteco, ouvimos a trilha sonora do filme como pano de fundo e durante os intervalos.


Em suma, é um papo descontraído sobre a pluralidade da Sétima Arte, acompanhado pelas composições do filme escolhido para sustentar a discussão. O espaço é aberto para o ouvinte interagir seja por e-mail, telefone ou presente no estúdio. As únicas restrições impostas são as de praxe: desligar o celular e não colocar os pés nas poltronas. Entretanto, como o próprio nome do programa indica, é um espaço onde todos podem falar à vontade


Os programas anteriores estão disponíveis para download. Os links podem ser encontrados na nossa comunidade do Orkut.


Para estrear essa seção semanal do Programa Cinema Falado no blog, serei cronológico e comentarei o filme que será tema de discussão do programa desta sexta-feira (06/08). A série do mês de agosto é dedicada ao cinema independente, portanto só comentaremos filmes que não fazem parte do mainstream cinematográfico, filmes underground, alternativos, independentes de corpo e alma. Para começar, o escolhido foi o grotesco e repulsivo “Pink Flamingos” (1972). Dirigido e roteirizado pela mente insana e escatológica de John Walters – batizado carinhosamente por alguns como o Rei do Trash -, o filme tem como figura principal a drag queen criminosa Divine (Divine) – personagem criada pelo ator Glen Milstead –, que divide o mesmo teto com o filho imundo e perverso, com uma amiga estranha e com a mãe, uma velha obesa que vive em um cercadinho no interior da casa e que sustenta um vício imensurável por ovos de galinha. Divine recebe da imprensa o disputado titulo de “pessoa mais asquerosa do mundo”, e de olho nessa “honraria”, um casal de trapaceiros imorais decide acabar com o reinado da perigosa travesti, arquitetando armadilhas e situações que colocam a vida de Divine e seus familiares em risco.


Sinceramente, eu não sabia que tinha estômago fraco até assistir a “Pink Flamingos”. Verdadeiro exercício do mau gosto, o filme é a essência da putrefação cinematográfica, uma das coisas mais nojentas que já assisti. Digo o mesmo para grande parte da filmografia do Adam Sandler. Mas o que diferencia “Zohan – O Agente Bom de Corte” ou “Little Nicky” desse filme é justamente a intenção de John Waters em ser vulgar e propositalmente ofensivo; e nesse sentido, o filme é vitorioso. Afinal, são cenas absolutamente “inesquecíveis”, que mesmo fazendo muito esforço, dificilmente serão apagadas da memória dos corajosos que ousaram assistir ao filme: galinhas são mortas durante um ato de sexo, testemunhamos uma pessoa comendo bosta de cachorro, inseminação artificial com seringa simples em humanos, cenas de sexo explícito e de embrulhar o estômago, incesto, tortura psicológica etc. Dentre todas essas, ainda tem uma cena tão expositiva que considero deveras explícita até para filmes pornográficos. “Pink Flamingos” faz “Saló ou Os 120 Dias de Sodoma”, do italiano Píer Paolo Pasolini parecer filme família da Sessão da Tarde.


Divine protagonizou 7 filmes dirigidos e roteirizados pelo cineasta John Walters, dentre os mais famosos estão “Female Trouble” e “Hairspray” – a versão original de 1988. Neste mesmo ano, a famosa drag queen foi encontrada morta em um quarto de hotel, vítima de apneia do sono devido à sua obesidade. Como legado, tornou-se um dos grandes símbolos da comunidade gay nos anos 80 e ainda serviu, curiosamente, como modelo inspirador para a criação de Ursula, a primeira vilã do clássico da Disney, “A Pequena Sereia”. Pitoresco, anormal e reprovável, “Pink Flamingos” abusa do amadorismo nonsense, mas acaba se tornando um filme divertido de tão ruim e um grande clássico do cinema underground. Se os personagens centrais do filme passam toda a história disputando quem recebe o título de pessoa mais asquerosa do mundo, em se tratando de cinema, “Pink Flamingos” não tem concorrência: é o filme mais asqueroso do mundo com louvores, méritos e ovações.



PROGRAMA CINEMA FALADO - 06/08, ÀS 20H30, AO VIVO

FILME EM CARTAZ: “PINK FLAMINGOS” (1972)


Para ouvir, clique aqui.

6 comentários:

Alan Raspante disse...

Parabéns Elton pelo programa, rs, ainda não ouvi ... mas com certeza deve ser bem bacana! xD

Ainda não assisti Pink Flamingos, e apenas conhecia a personagem principal, nunca imaginava que o filme fosse tão nojento assim, cruzes. rs

Mas é aquela coisa "é ver pra crer", sei que vou odiar, mas mesmo assim fiquei com vontade de conferir !!!!

[]'s

Rodrigo Mendes disse...

OI Elton, interessante o programa. Ouvi o Touro Indomável e me deu vontade de assistí-lo de novo e até postar sobre, rs! Estou na Onda Scorsese! Não ouvi todos os programas ainda, mas já salvei aqui pra escutar com calma depois. Muito legal as vinhetas e cabeça de abertura! Parabéns. Vou ser membro da comunidade no Orkut blz!

Sobre o filme Pink Flamingos: o que posso dizer? É um choque e risos constantes. Assisti a esta fita pela primeira vez em 2006 no meu curso de Cinema e tive uma aula inteira sobre cinema underground,após a sessão deste bizarro filme.

A obra prima de Waters porque não? Todavia eu ainda prefiro os filmes mais mansos do diretor: Mamãe é de Morte com a Kath Turner e principalmente o ótimo Cecil Bem Demente com a Mellanie Griffith e o Stephen Dorf como um cineasta maluco e asqueroso, rs!

Hairspray original tbm é legal..enfim, um cara fiel a si em seus filmes. Ame-o ou odei! Sem muito atalho e meias palavras.

Concordo e partilho com você o mau gosto e a nojeira de Pink...aliás quase vomitei da primeira vez que assisti. A cena final do cocô de cahorro, rs! Mas se asssito hj já dou muito mais risadas, como a gorda no berço pedindo ovos, a sequência de canibalismo, e o travesti mostrando o pênis!

Agora mau gosto total é essas fitas do Adan sandler, rs! ZOHAN é um filme ridículo na minha classificação e Little Nick, é um filme que só quis conferir pela participação do Tarantino como o pregador cego que anuncia o diabo, rs!

Abs,
Rodrigo

Gui Barreto disse...

Elton,

Que legal deve ser apresentar esse programa..trabalhar com o que se gosta é muito mais vanyajoso para ambas as partes: o trabalho rende mais e sai mais bem feito e sua qualidade de vida agradece!!

Ainda não assisti Pink Flamingos, mas deve ser interessante..já está anotado...obrigado pela dica!!

Abrs

Alyson Santos disse...

Po, massa o programa. Se eu tivesse em Maringá seria um prazer visitá-los! ;D

Ja estou baixando o ultimo audio que postaram, o 500 dias com Ela.

Pink Flamingos está na minha lista ha muito tempo, mas ainda não o vi.
Lembro que o conheci quando vi Saló ou 120 dias de sodoma do Pasolini e, depois de ver essa obra prima, procurei filmes semelhantes e eis que me deparei com essa obra, que será conferida em breve.

Abraços!

cleber eldridge disse...

Tom, desde que eu conheço sempre muito disputado no mundo dos cinéfilos, hehe! Pink Flamigos, é uma das minhas maiores curiosidades cinéfilas, mas, eu não encontro o filme, e como eu não baixo filmes (só séries) tá complicado.

ABRAÇO, meu querido!

Elton Telles disse...

Dae Alan! Cara, assista, mas vá de barriga vazia rs. Eu acho difícil alguém realmente gostar, apreciar "Pink Flamingos", mas é sessão obrigatória porque o filme se tornou um clássico do trash. Mas é repugnante, asqueroso mesmo, nojento é apelido carinhoso. E obrigado, meu caro. Tô tocando o Cinema Falado há mais de um ano e gosto muito de debater sobre cinema lá com o pessoal. Tu é nosso convidado ;)


Rodrigo: Opa, valeu, Rodrigo! Agradeço muito o prestígio. O programa de "Touro Indomável" foi mesmo bem legal de se fazer, afinal é um dos melhores - quiça o melhor Scorsese - daí fica difícil sair um programa ruim =)
Estou na espera do seu texto...

Eu ainda não assisti "Cecil Bem Demente", mas "Mamãe é de Morte" realmente é diversão pura. Filmaço! E o que tu disse sobre Waters sintetiza basicamente tudo: ame-o ou odeie-o, ele é fiel ao seu estilo e é reconhecido por isso. Poderia ser facilmente uma pessoa que se vendesse e tal, mas não é, admiro-o por essa virtude. Eu não fui alarmado tanto quanto a nojeira de "Pink Flamingos" e assisti comendo um pacote de Trakinas. E a bolacha subiu rs, eu não vomitei, mas subiu na garganta hahahaha. Arre! Mas eu prefiro sessões diárias de "Pink Flamingos" do que me atrever a assistir os filmes do Adam Sandler hahahaha, concorrência grande de porcaria =D


Gui: é sim, cara. Eu me estresso a semana inteira, mas o bate papo de sexta me relaxa, como eu digo, é uma terapia. Assista "Pink Flamingos", vá mas não me convide hahahaha!


Alyson: valeu, cara! Agradeço muito. Quando vier pra Mgá, me dê um toque para combinarmos tudo ;). Como disse no texto, "Pink Flamingos" faz "Saló" parecer um filme bem intencionado porque o grau e dimensão da nojeira é bem maior, mas são 2 filmes que merecem ser assistidos, ainda que repulsivos!


Cleber: Hahaha Cleber! Também não baixo filmes, foi um amigo que me repassou. Mas faça um esforço para ver o filme (ou não) se você tiver estômago forte...


ABS A TODOS!