MELHOR FOTOGRAFIA
Vai vencer: Roger Deakins (Bravura Indômita)
Votaria em: Matthew Libatique (Cisne Negro)
Minha aposta para o veterano Roger Deakins implica nas nove indicações anteriores que recebeu – cinco delas para filmes dos Irmãos Coen – sem, no entanto, levar nenhuma estatueta pra casa. Já passou da hora de premiá-lo. Seu trabalho magnífico em “Bravura Indômita” faz de alguns takes verdadeiras obras de arte, a fotografia de Deakins é para se admirar, é contemplativa e enriquece a trama com beleza e uma plasticidade evocativa. Seria minha primeira opção, caso Matthew Libatique não fosse lembrado pela calculada iluminação hipnótica de “Cisne Negro”, o que me faria incondicionalmente duvidar da capacidade mental dos votantes dessa comissão. Acompanhando a vibrante câmera de Aronofsky, o diretor de fotografia captura com efervescência os distúrbios da protagonista, atribuindo significados fundamentais à narrativa, sem falar no catártico e inesquecível grand finale. Reconheço as poucas chances de ganhar, mas seria uma grata surpresa, tal qual se levasse Wally Pfister por “A Origem” – vencedor do sindicato dos fotógrafos –, Jeff Cronenweth por “A Rede Social” ou até Danny Cohen pelo belo registro de “O Discurso do Rei”. Categoria bem equilibrada e com excelentes trabalhos. Que vença o melhor – ou o que mais tem histórico.
Na ausência inexplicável de Lee Smith por “A Origem”, o melhor trabalho de montagem do ano com larga vantagem, eu torço e aposto na dupla de “A Rede Social”. Qualquer um que levar se não eles, será injustiça.
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Vai vencer e Votaria em: A Origem
A Academia esse ano resolveu não restringir os indicados a filmes fantásticos ou reconstituições de época – representados aqui principalmente por “Alice no País das Maravilhas” e “O Discurso do Rei”, respectivamente. É louvável a abrangência para a construção do Velho Oeste de “Bravura Indômita”, a grandiloquência de “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1” e “A Origem”, um filme que aposta em um design de produção contemporâneo, mas detalhista em sua concepção. Entretanto, essa categoria está bem dividida. O hype imensurável de “O Discurso do Rei” entra em confronto com a releitura de Lewis Carroll feita pelo extravagante Tim Burton, cujas produções são figurinhas carimbadas nos departamentos técnicos. E pra completar o duelo, o filme de Nolan, que venceu o sindicato dos diretores de arte, é um forte concorrente. Tudo pode acontecer, mas ficarei fiel naquele que considero o melhor entre os cinco.
MELHOR FIGURINO
Vai vencer: Jenny Beavan (O Discurso do Rei)
Votaria em: Mary Zophers (Bravura Indômita)
Aqui a história se repete como em Direção de Arte: a preferência é por filmes de época com luxuosos vestidos, principalmente, usados por monarcas ingleses. Por que essa tradição seria quebrada esse ano justamente com o filme que totaliza o maior número de indicações nessa edição? No entanto, substitua os longos por ternos elegantes e peças muito bem modeladas e temos Jenny Beavan já preparando seu discurso de rainha. Não vi “A Tempestade”, confeccionado pela grande Sandy Powell, mas acho que de 6.000 votantes, nem 500 conferiram o filme hahaha. Comemoro a presença do classudo italiano “Eu sou o Amor” na disputa, mas o figurino de “Bravura Indômita” imprime a alma de seus personagens, num rico trabalho de vestimentas repleto de detalhes e acabamentos concisos, secos, sem firulas – o oposto de “Alice no País das Maravilhas”, cuja desenhista icônica, Colleen Atwood, tem grandes chances de levar o seu terceiro pra casa.
MELHOR TRILHA SONORA
Vai vencer e Votaria em: Trent Reznor e Atticus Ross (A Rede Social)
Mais crédito que o Oscar ganha comigo esse ano por selecionar cinco potentes trilhas sonoras no meio de tantas outras igualmente memoráveis – “Tron – O Legado”, “O Escritor Fantasma”, “O Mágico” só para citar algumas que ficaram de fora. Todas são merecedoras, mas a Academia tem a chance de fugir da obviedade premiando um trabalho mais autoral e moderno. Refiro-me às composições eletrônicas viciantes do frontman do Nine Inch Nails em parceria com o músico Atticus Ross para o “filme do Facebook”.
MELHOR MAQUIAGEM
Vai vencer: Minha Versão do Amor
Votaria em: Abstenção
Aqui só me resta palpitar, porque dos 3 indicados, só assisti “O Lobisomem”, que sai na frente como a principal aposta entre a maioria. Mas tanto “Caminhos da Liberdade” quanto “Minha Versão do Amor”, filmes que não dependem exclusivamente deste departamento para contar suas histórias, foram bem recebidos e podem surpreender na premiação. É o que espero. Sem contar que “O Lobisomem” é uma caganeira, né?
MELHOR MIXAGEM DE SOM
"The Social Network" Sound for Film Profile from Michael Coleman on Vimeo.
Vai vencer e Votaria em: A Rede Social
Outra categoria bem formada, mas que ficaria irretocável com a presença de “Tron – O Legado” e “Cisne Negro”. O padrão da Academia é premiar os mais barulhentos, mas o design sonoro de “A Rede Social” é fora de série. Os diálogos bem definidos e encorpados sonoramente – um filme majoritariamente concentrado em conversas – em combinação perfeita com a riqueza da trilha sonora bem encaixada resultam em um trabalho soberbo. “A Origem” tem grandes chances de se consagrar, o que não seria injusto de forma alguma. Mas lembramos que foi o filme dos Coen que venceu o sindicato. Aí a situação fica mais apertada...
Vai vencer e Votaria em: A Origem
Finalmente “Tron” consegue entrar em alguma coisa! Mas não é páreo para os efeitos sonoros fabulosos concebidos por Richard King, cada vez mais próximo de sua terceira estatueta dourada. “Como Treinar o Seu Dragão” e “Cisne Negro” mandaram lembranças.
MELHORES EFEITOS VISUAIS
Vai vencer e Votaria em: A Origem
Quase não dormi tentando decidir em qual votaria... mas não há dúvidas de que o Troféu Abacaxi vai para “Além da Vida”, que só entrou na categoria por uma única cena (redundante, mas devo enfatizar), que é a do Tsunami, deixando “Tron” e “Scott Pilgrim Contra o Mundo” de fora. Porém, é no mínimo hilário ver um filme de Clint Eastwood indicado a Efeitos Visuais rs.
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
"Algum leitor quer que eu cante na sua festa de aniversário?"
Vai vencer e Votaria em: “We Belong Together” (Toy Story 3)
Se antes achava a categoria bem irregular, com o tempo, aprendi a gostar das músicas indicadas – algumas foram vencidas pelo cansaço, confesso. Essa é uma das categorias mais difíceis de se prever, é chute de trivela. Eu aposto que Randy Newman leva o seu segundo, porém não se deve descartar a possibilidade de ser batido pela Rapunzel, do alpinista amputado ou pela a cantora country decadente. Aqui é questão de gosto pessoal mesmo, não tem muitos critérios para escolher o vencedor. Pra falar a verdade, sou indiferente a qualquer que seja o escolhido dessa categoria. Qualquer um está valendo.
PODCAST
Participei junto aos companheiros Klerky Washington e Alessandro Zanchin, do blog Mise-en-Cine, de um podcast especial com as previsões ao Oscar de todas as categorias. Para ouvir, clique aqui.
E pra não perder o bom humor, nem piada, nem o espaço, aqui um vídeo do que alguns esperam da cerimônia deste ano:
2 comentários:
É....vamos aguardar o Oscar! Mas gostei da forma como você apresenta sua previsões e as comenta.
Cara adorei este vídeo paródia do Oscar. Rs! Ri e lacrimejei.
Abs.
RODRIGO
Bons comentários Elton. Gostei da abstenção. Em geral concordamos tanto quanto em quem votar e quem deve prevalecer. Acho que If I rise deve vencer como canção e acho que A origem talvez perca direção de arte para O discurso do rei, mas ganhe trilha sonora.Enfim, conjecturas...
as considerações estão para lá de bem feitas. A única fissura nessa concordÂncia diz respeito a Além d avida. Acho justíssima a inclusão do filme na categoria. Um trabalho vistoso e que se ajusta a dramaticidade da cena como poucos no ano que passou. Efeito especial como instrumento narrativo é ou não é para ser recompensado?
Abs
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